Emergentes e EUA cobram ação ampla da Europa
"Não podemos concordar com um aumento de recursos se não for levada ao pé da letra a reforma de cotas de 2010", afirmou Mantega
26/02/2012 14:27
Folha.com
A desaceleração do crescimento global tomou a atenção do G20, e uma ação mais ampla da Europa -- que extrapole a questão fiscal-- é cobrada pelos EUA e pelos países emergentes.
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), a percepção geral é que desde a última reunião em novembro o panorama econômico europeu melhorou.
"Mas a demora [em normalizar a situação] tem levado uma deterioração do crescimento mundial, e há problemas emergindo que requerem a atenção do G20", afirmou o brasileiro ontem durante a reunião ministerial do grupo na Cidade do México.
O ministro defendeu a revisão do que vê como "políticas contracionistas" europeias, e insistiu que as principais economias do continente, mais sadias, podem estimular a produção e o investimento.
"Saímos do sufoco em que estávamos, e não há grandes riscos de rupturas --porém, ainda há algumas etapas importantes a serem percorridas pelos países europeus para que possamos normalizar a situação internacional."
Mais cedo, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, manifestara posição semelhante.
Após dois dias de reuniões, um comunicado deve ser emitido hoje sublinhando a urgência de ação coletiva e pressionando os europeus, apesar de as divergências persistirem sobretudo no que diz respeito à divisão de responsabilidades. Por isso, as expectativas são baixas para medidas efetivas.
DINHEIRO DOS BRICS
Mantega, após encontro no sábado dos BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia), afirmou que esses países só contribuirão via Fundo Monetário Internacional para uma segunda etapa do resgate europeu se os próprios europeus aumentarem seu aporte e se a reforma de cotas do FMI, que daria mais poder aos emergentes, for concluída.
"Em relação ao reforço do Fundo Monetário, me parece que vai haver uma opinião muito sintonizada de que, primeiro, os países europeus têm de fortalecer o firewall [recursos financeiros para uma segunda barreira de proteção anticrise]. Eles têm muito mais recursos do que diziam que tinham _basta ver a ação do Banco Central Europeu, que pode dar liquidez aos bancos europeus", afirmou.
A segunda condição é uma reivindicação antiga dos emergentes: "Que cumpram a reforma do FMI. Há uma tendência de retrocesso em relação à reforma de cotas estabelecida em 2010", disse Mantega.
A reforma --um compromisso reafirmado pela diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, ao assumir o cargo, no ano passado-- tem patinado. Ontem, o americano Geithner disse ser bem-vinda a reconfiguração de organismos multilaterais para refletir melhor o novo equilíbrio econômico mundial.
"Não podemos concordar com um aumento de recursos se não for levada ao pé da letra a reforma de cotas de 2010", afirmou Mantega.
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